quarta-feira, 1 de julho de 2015

Campeões de 2014-15: Sevilla

Se há um técnico que mereceu - e recebeu, em muitas oportunidades - inúmeros elogios na temporada europeia, este foi Unai Emery. Que misturou diversas ideias, alternou muitas coisas, impôs vários mecanismos futebolísticos, ativou grande parte do grupo e conseguiu manter seu Sevilla, campeão da Liga Europa 2014-15, extremamente competitivo e completo.

Título do ciclo sevilhista (foto: Reprodução)

O "primeiro Sevilla" de Unai foi algo hiperativo, de ritmo alto, com poucos movimentos decorados e absurda agressividade nas duas fases. Personificado em Denis Suárez, inicial trequartista da equipe. Basicamente, um ponto de rompimento entre passado (Ivan Rakitic) e futuro (como ainda veremos, Éver Banega). Denis simplesmente não acrescentava nada a circulação, dificilmente pisava nos dois primeiros quartos do relvado quando time possuía o balão e pausas estavam distantes de seu jogo. Sem a posse, mantinha violência e, junto a Carlos Bacca, começava estratégia de dificultar fluxo rival. Perfeito naquele contexto, exemplo dos pensamentos de Emery. Estes, por sua vez, logo apresentaram debilidades - por certos motivos, era de se esperar isto.

Em muitos ataques posicionais, após laterais já terem ganhado altura campal e quatro homens mais adiantados estarem rodando por qualquer lado, carecia ação de maior relevância: colocar esfera à frente. Pois double pivot não conseguia fazê-lo, forçar ligações diretas não era opção (inexistia um receptor) e atletas ofensivos não recuavam. Faltava a ponte, faltava Rakitic. Porém, como todos sabem, croata já estava em Barcelona e um telefonema não resolveria situação. Então, aos poucos e sempre mais, Banega foi adquirindo seu lugar. Argentino seria este cara, chave para interligar conjunto. Na falha tentativa inicial, partindo de trás e sendo facilmente diminuído; depois, à frente, voltando alguns metros para estabelecer-se como peça fundamental.

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Grande fragilidade do introdutório time
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O segundo conjunto de Emery

Considerando que a vida não é esta cronologia perfeita, Banega, mesmo estando no centro da linha de três meios-campistas, teve dificuldades iniciais e, em certos momentos, jogou mal. Mas isto logo mudou, dando partida a excelente fase do clube andaluz. Quando Unai passou a ser reconhecido, a realizar coisas interessantíssimas e muito especiais. Nos últimos 22 cotejos oficiais, solitário revés e fato de ter derrotado um grande Villarreal três vezes em espaço de dez dias - duas delas no El Madrigal. Não por acaso, na Liga Europa, Borussia Mönchengladbach, Zenit, Fiorentina, Dnipro e próprio Submarino Amarelo ficaram pelo caminho. Uma trajetória dificílima, certamente entre as mais complicadas de um campeão. Daí, deslocamentos pré-estabelecidos que consagraram técnico espanhol.

Tirar o melhor de cada comandado não é simples, pode exigir distintos sacrifícios. Um exemplo de como jovem treinador soube fazer tal coisa é mecanismo que envolveu, já na reta final da temporada, Éver e Vicente Iborra. Sem a bola, camisa 19 trequartista e Iborra no double pivot; com ela, inverso. Utilizando altura de Vicente para ganhar metros com jogo direto, e imposição física para defesa posicional; tendo argentino auxiliando circulação nos instantes de posse, mas agressivo sem ela para diminuir comodidade adversária ao tentar realizar mesmo ato. Complexidade de dois jogadores que, às vezes, pareciam um só. Também no fim, houve saída lavolpiana e verdadeiro show de como reproduzi-la.

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Mecanismo "Banega-Iborra"
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Perfeita saída lavolpiana do Sevilla

Assim, sempre acertando mais e fazendo coisas para competir, Unai Emery conseguiu a glória. Do tiro de largada à linha de encerramento, deixou incontáveis méritos e lições futebolísticas ao mundo. Sorte de quem pôde desfrutar, de quem teve possibilidade de apreciar todo o percurso vermelho. No fim das contas, Emery alcançou topo continental de maneira brilhante. Para alegria geral da nação esportiva, ainda há muito mais.

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As duas equipes da temporada

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