quarta-feira, 13 de maio de 2015

Gigantesca, Juventus segura Real Madrid e disputará final

Há exatos doze anos (na verdade, em um 14 de maio), a Juventus eliminava, nas semifinais, o Real Madrid, tirando Zinedine Zidane, Roberto Carlos e Ronaldo da Liga dos Campeões 2002-03. Hoje (13), no mesmo mês, na mesma competição e na mesma fase, foi a vez de James Rodríguez, Marcelo e Cristiano Ronado darem adeus à competição. Outra vez, pelas mãos juventinas. Uma belíssima construção do acaso, possibilitando o início desta análise. À frente, isto poderá fazer ainda mais sentido.

Road to Berlin: Juventus trilhou (foto: Reprodução)

Real Madrid desenhou habitual 4-4-3 (4-4-2 na fase defensiva), tendo, como se previa, uma escalação que buscava gerar muito futebol, com um trivote formado por Isco, Toni Kroos e James Rodríguez - já titulares contra o Valencia, no fim de semana. Desde o começo, planejamento madridista se mostrou claro: objetivo era acumular atletas pelas beiradas, criando superioridades laterais e, consequentemente, avanços e chances. Pelo flanco esquerdo, Marcelo, James e Cristiano Ronaldo ou Karim Benzema - ambos, em certas ocasiões - se aproximavam para atacar Stephan Lichtsteiner e Claudio Marchisio. No lado oposto, Daniel Carvajal, Isco e Gareth Bale - Cristiano e Benzema, às vezes - faziam o mesmo, contra Paul Pogba e Patrice Evra. Tudo facilitado por recuadas linhas italianas, permitindo ativação de laterais brancos e início de tudo isto. Desta maneira, 13 arremates e 1 a 0 na 1ª parte.

Maiores destaques da metade foram Marcelo, principal iniciador de superioridades, e Karim, maior responsável por criação destas, mostrando o quanto é necessário. Apenas ele consegue entender e compensar movimentos de Ronaldo. 45' finais, porém, foram horríveis. Em um piscar de olhos, Real desativou, se atascou e transformou-se no time do duelo de ida. Desmarques de apoio diminuíram muito, circulação se tornou débil. Além disto, cessões aumentaram e empate foi cedido. A partir deste instante, quanto mais o tempo passava, mais coletivo se desorganizava. Contudo, no abafa e com inúmeros cruzamentos (38, ao todo), tento esteve próximo até o fim. Acabou não chegando, entretanto. Também por camisa 7, inútil e ridículo nos minutos decisivos dos dois cotejos. No balanço da eliminatória, apenas um tempo aceitável - não perfeito.

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Início do duelo

Juventus esteve no esperado 4-3-1-2 (4-4-2 sem a bola), algo indiretamente adiantado por Massimiliano Allegri nos dias que antecederam o confronto. Como aconteceu em Turim, Arturo Vidal e Carlos Tévez estiveram hiperativos, atacando qualquer espaço disponível. O que Tévez novamente fez às costas de Kroos, que, como em todo 2014-15, saía e deixava grandíssimo vácuo entre linhas. Mas, diferentemente do jogo do último dia 5, argentino não foi tão acionado e pouco produziu por ali. Porém, grande erro juventino esteve na permissão à circulação adversária, sem um pressing que impedisse iniciação das jogadas. Pois, a partir do momento que comandados de Carlo Ancelotti se estabeleciam no campo italiano, era simples mover linhas bianconeras e encontrar buracos. Ou, então, originar supracitadas vantagens pelos lados. Foi assim até finalização do 1º tempo.

No 2º, ante rival em nível muito mais baixo, primeiros vinte minutos - bastante transicionais - foram os melhores da Juve na partida. Sem sofrer, criando e marcando gol de empate. Depois, naturalmente, postura totalmente reativa e defesa da classificação. Quando dupla de zaga, por diversas vezes, salvou coletivo. Antes, Massimiliano ainda colocou Andrea Barzagli e passou a formar 3-5-2 (5-3-2 sem a posse), variações cada vez mais pontuais. Apito terminal de Jonas Eriksson não definiu apenas um avanço de fase, significa bem mais. Significa retorno da Itália à elite clubística, ressurreição do futebol no país, ainda que ele nunca tenha morrido. A "Bota" volta a ser europeia. Ainda bem.

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Emocionante fim de partida

Em outro contexto, onde Serie A ainda era extremamente estrelada e competitiva - teve três representantes nas semifinais -, alcançar aquela decisão, em 2002-03, simbolizou demais. Entretanto, agora, tudo é ainda maior. Campeonato nacional já não está no pódio mundial, vive tempos difíceis. Ainda assim, Juventus está na final. Mesmo com todas as dificuldades, Berlim estará no plano de viagens bianconero. O triunfo de um país, de um futebol. A vitória do coeficiente, do contestado Allegri. A Juve vai à Berlim, a Itália vai à finalíssima. Uma noite que nunca será esquecida, independentemente do resultado em terras alemãs. Um dia, uma geração futura assistirá esta partida. E verá, com seus próprios olhos, como o futebol italiano foi, é e sempre será gigantesco. Até o fim dos dias.

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