domingo, 18 de outubro de 2015

No Derby d'Italia, tempos distintos e uma grande partida

Disputado neste domingo (18), no estádio Giuseppe Meazza, o Derby d'Italia era o embate mais aguardado da rodada 8 de Serie A - ao lado do ótimo confronto entre Napoli e Fiorentina (2 a 1). Sem decepcionar, Inter e Juventus fizeram uma partida realmente boa, de tempos diferentes. Ao final do encontro, um 0 a 0 no placar resumiu de forma completamente errônea o que foi o duelo.

Tensão também esteve presente (foto: Reprodução)

Sem Fredy Guarín, Alex Telles e Geoffrey Kondogbia, Roberto Mancini deixou de lado seu tradicional 4-3-1-2 (com ou sem a bola) e passou a um 4-4-2 (também inalterável nas duas fases). Alterando variações, comandante logicamente levou maior parte dos mecanismos no mesmo pacote. A começar por desenho de saída, modificado para algo muito menos detalhado, onde maior ordem aparente era realizá-la por fora. Assim, Inter teve iniciais dificuldades para se estabelecer na metade rival, tendo lentidão e passes demasiadamente horizontais ao tentar levar bola à frente - depois, com extremos recuando mais, isto melhorou. De qualquer forma, após atingir campo oponente - ocorreu bastante dos primeiros 20' em diante -, Stevan Jovetic brilhou. Como sempre, oferecendo apoios, facilitando ataques, utilizando onipresença para desequilibrar.

Muito auxiliado por Ivan Perisic e Marcelo Brozovic, montenegrino prolongou estadias na metade bianconera e ainda produziu ocasiões de gol. Na fase defensiva, nerazzurri foram sólidos, apresentando destacável nível de energias, coordenação, Gary Medel, Felipe Melo e dupla de zaga. Levando em conta que principal objetivo ofensivo da Juve era contragolpear, mandantes impediram finalização destes contra-ataques com vitalidade e dois laterais presos (em geral, só o oposto à jogada não avança); ao juntar gente atrás, organização, movimentos bem feitos e citado vigor para negar espaços, gerar vantagens numéricas ao redor da esfera e roubá-la. Em suma, ainda que não tenha estado perfeita, permitindo cinco chutes à Juventus e só acertando meta de Gianluigi Buffon uma vez, Inter dominou e controlou 1º tempo por longos períodos. Foi superior.

No 2º, contudo, conjunto de Massimiliano Allegri igualou lado energético, fincou sua bandeira na parte adversária e ativou Juan Guillermo Cuadrado. Em meio à isto, time de Mancini inicialmente alternou diminuição de ritmo e aceleração - com Jovetic e Ivan - ao ter posse, mas já cedendo bastante defensivamente. Força física caiu, permissões subiram e superioridade da outra etapa sumiu em minutos. Aspectos simbolizados em Perisic, que, retornando lentamente para fechar flanco canhoto, comprometeu Juan Jesus inúmeras vezes, quase dando triunfo aos de Allegri. Nerazzurri sobreviveram de tal maneira até apito final, salvando-se por sorte e Samir Handanovic.

Clique na imagem para ampliar
Cenário no começo do confronto

Juventus compôs um 3-5-2 (sem a posse, com Juan Cuadrado livre do retorno, 4-4-2) bem semelhante ao que derrotou o Sevilla, por 2 a 0, pela Liga dos Campeões. Ostentando má execução do planejamento nos iniciais 45', atuação foi de menos a mais e terminou melhor. Almejando postura reativa na 1ª etapa, Allegri recuou atletas, segurou linhas de marcação ora médias, ora médio-baixas e tentou sair rapidamente ao ter a bola. O que até ocorreu em alguns instantes, mas em boa parte dos minutos duas coisas essenciais estiveram em falta: vigor defensivo para realizar desarmes e um contragolpe planificado. Sem estes dois elementos, acaba sendo duríssimo alcançar êxito dentro da postura escolhida por Massimiliano. Por qualidade dos zagueiros, sofrer atrás esteve longe do vocabulário juventino. Porém, empatar era pouquíssimo.

Também pesando negativamente na balança, equipe de Turim foi incapaz de se manter tanto em solo interista. Mas volta para 2ª parte trouxe um conjunto enérgico, que fez jogo ocorrer em seus metros de ataque e conectou Cuadrado para criar. Evoluíram Álvaro Morata, Simone Zaza (ambos por mobilidade), Claudio Marchisio (critério nos passes, controle oferecido), Sami Khedira (por ativar Cuadrado, manter balão à frente), Paul Pogba (somou à criação de jogadas) e Juventus comprou domínio. Ao localizar exposição de Juan, tratou de acumular jogadores no setor e ter uma fluidez outrora inimaginável. Foram absurdas dez finalizações no 2º tempo, quatro na direção correta e uma na trave. Nem havia margem tão elevada a qualquer ação ofensiva da Inter, partida era da tetracampeã. Seguiu sendo até encerramento, mas sem monetização.

Clique na imagem para ampliar
Panorama final

Desfavorável aos dois, empate foi resultado mais justo possível, não deixando de resumir temporada da dupla. Mas, além de tudo, enfrentamento mostrou que Serie A está de volta, que as grandes noites de futebol retornaram à Itália. Ou tardes, ou manhãs. Isso pouco importa, a questão é que novamente existem vários detalhes a tirar na Bota, que liga mantém alto nível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário